O TRABALHO GUARDA-VIDAS E A COVID-19

WEBINAR REALIZADO EM 25/03/20

Tudo é novo nesta crise da COVID19, o que fazer? Como fazer? A quem proteger? Eu vou morrer? Devo continuar meu trabalho como guarda-vidas, que risco isso me traz?
Muitas perguntas sem respostas ou com respostas ainda pouco solucionadas geram ansiedade, o que é bom se isso gera ações/intervenções. A pior coisa nesse momento é gerar pânico (evite “Fake News”), pois isso gera paralização, e podemos evitar isso seguindo as recomendações primeiro do Ministério da Saúde, e depois das Secretarias Estaduais e Municipais, que usam as informações da Organização Mundial de Saúde e as customizam com dados locais diários a nossa realidade brasileira.

1. O QUE SABEMOS ATÉ O MOMENTO?
• DISTANCIA SOCIAL e não isolamento social reduz a infectividade e reduz a disseminação comunitária da COVID-19.
• Se doente, fique em casa e se afaste de outros.
• Mantenha as pessoas de maior risco protegidas de contato direto (Idosos, portadores de doenças crônicas ou em tratamento com drogas imunossupressoras), mas mantenha elas dentro de sua rede social e ligue com frequência para uma conversa.
• ESTÁ NA DÚVIDA? Use um médico por telefone. Se houver sintomas de “resfriado” (febre/tosse ou dor de garganta) use máscara para proteger familiares e não saia de casa, use paracetamol e procure orientação com um médico. Se houver falta de ar, procure hospital.
• Medidas importantes no dia-a-dia
o Cubra espirros/tosse e evite beijos/abraços e tocar nos olhos/nariz/boca com mãos NÃO lavadas.
o Lave as mãos com água e sabão por 40 a 60 segundos. Se não houver possiblidade, utilize o álcool gel 70% por 20 a 30 segundos.
o Use lenços de papel e descarte frequente
• Na dúvida, siga as orientações recomendadas pelo Ministério da Saúde, e Secretarias Estadual e Municipal de Saúde.
• Verifique a informação antes de espalhar “fake News”
o Não leia só o título
o Verifique o autor
o Veja se conhece o site
o Observe se o texto contém erros ortográficos
o Olhe a data de publicação
o Saia da bolha da rede social
o Tome cuidado com o sensacionalismo
2. O QUE NÃO SABEMOS?
a. O nível de evidencia cientifica na maior parte das intervenções não é alto. A maior parte das intervenções propostas são baseadas em poucas experiencias passadas e extrapoladas de países que estão a frente nessa pandemia.
b. Como será o comportamento do vírus no Brasil.
c. Mortalidade e morbidade exata.
d. Quais as mais efetivas intervenções para conter o vírus.
e. Quais os melhores tratamento aos pacientes graves.
3. QUANTO TEMPO VAI DURAR?
a. É muito difícil prever no momento, mas devemos ter uma ideia melhor nas próximas semanas, mas não menos de 2 a 4 meses, porém dia-a-dia as medidas de restrições e isolamento podem ser alteradas e podem variar de local a local.
4. POSSO/DEVO CONTINUAR MEU TRABALHO COMO GUARDA-VIDAS?
a. Seu trabalho como guarda-vidas só ocorrerá se forem liberadas locais de lazer aquático a população, e, portanto, em um momento considerado mais seguro a todos.
b. Quando houver evidências de que o número de casos está em declínio, quando os leitos hospitalares ficarem disponíveis para pacientes que não são da COVID e quando a curva começar a diminuir.
5. TREINAMENTO VIRTUAL: melhor alguma coisa do que nada?
a. É recomendável que TODOS os treinamentos presenciais parem atualmente, independentemente de precauções, pelas próximas 4-8 semanas.
b. O treinamento virtual aqueles que já são guarda-vidas é uma boa opção, e pode contemplar mais de 90% do necessário.
c. O treinamento virtual aqueles em formação guarda-vidas pode contemplar mais de 60%, mas não é uma boa opção isolada.
d. A SOBRASA esta organizando propostas alternativas para treinamento virtual que serão aplicadas em momento de alta transmissão viral ou no caso de impossibilidade de treinamento presencial como alternativa.
6. QUAL O RISCO DE ATENDER UM AFOGADO?
a. É muito pouco provável que ocorra risco importante se há distanciamento social e as pessoas estão fora de áreas aquáticas ou existe a baixa/mínima frequência nesses ambientes.
b. No retorno da população aos ambientes aquáticos, esse contato será intenso, e devemos dar preferência pelos guarda-vidas já curados e com imunidade testada.
c. A PREVENÇÃO ainda mais nesse período é a forma mais eficaz de garantir a segurança do guarda-vidas.
d. Não só o grau 6, mas todos os graus de afogamento possuem tosse e spray respiratório e, portanto, alto risco de contaminação do COVID-19.
e. Qualquer contato boca-a-boca (grau 5 ou 6) aumenta ainda mais o risco já que a pessoa pode estar assintomática e ainda sim podendo transmitir a COVID-19.
f. Alternativas a proteção dos guarda-vidas ou o isolamento do afogado devem ser buscados para reduzir essa transmissão. Mas ainda não há propostas além do uso de mascaras no guarda-vidas ou no afogado, se isso for factível no ambiente aquático.
7. QUAL A INFECTIVIDADE DA ÁGUA DE PISCINAS E PRAIAS?
• A água de piscina tratada com cloro a 1 a 3 ppm (taxa recomendada) é o suficiente para matar o vírus em menos de 30 min. Dentro da água da piscina o risco de adquirir o COVID-19 é pequeno se existe distanciamento adequado (3 metros) entre os frequentadores.
• A água do mar por sua diluição e percentual alto de sal (3%) não devem transmitir a COVID-19, q morre muito rapidamente, mas isso ainda não tem alta comprovação cientifica e varia conforme a poluição ambiental local e o número de frequentadores infectados.
• A decisão de RETOMAR aulas de natação ou frequência em academias, escolas e clubes de natação, deve levar em consideração os riscos de transmissão de infecção por pessoas doentes, sintomáticos ou não, assim como o grupo que frequenta as aulas. Lembre-se que o spray respiratório ao nadar simula a tosse e espirros e pode ter uma amplitude de contágio semelhante.
• Em tempos de epidemia aumente sua rotina de higiene pessoal (lavagem de mãos e cobertura de tosse ou espirro com lenço de papel).
• Reduza o tempo de permanência no estabelecimento, assim como o uso de áreas comuns. Lembre-se que o principal local de possível contágio é fora da água, em vestiários e instalações e a possibilidade de transmissão aumenta conforme o número de pessoas doentes no ambiente de aula e estes podem estar assintomáticos.

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Dr David Szpilman

Dr David Szpilman - Sócio Fundador, Ex-Presidente, Ex-Diretor Médico e atual Secretário-Geral da SOBRASA; Ten Cel Médico RR do CBMERJ; Médico do Município do Rio de Janeiro; Membro do Conselho Médico e Prevenção da International Lifesaving Federation - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ. www.szpilman.com