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COMO PESQUISAR E ELABORAR SEU RESUMO PARA SUBMISSÃO A CONFERÊNCIAS?

Direcionado a área de afogamento e incidentes aquáticos (versão atualizada em 23/06/2018)

Autores: David Szpilman, José Palácios, Roberto Barcala, Ana Catarina Queiroga, Danielli Mello.
Elaborado e aprovado pelo Comitê Latino da IDRA (IDRA Latin comittee)
Coordenador do Comitê: Prof. José Palácios – GIASS

Este documento publicado em www.idra.world e www.SOBRASA.org tem como objetivo dar suporte a iniciantes na elaboração da pesquisa científica baseado em evidência de forma a submeter a apresentação em conferências.
Agradecimentos: Ao TC Fabio Braga pelo incentivo a realização deste documento.

Como citar: David Szpilman, José Palácios, Roberto Barcala, Ana Catarina Queiroga, Danielli Mello, e Fabio Braga.COMO PESQUISAR E ELABORAR SEU RESUMO PARA SUBMISSÃO A CONFERÊNCIAS? Disponível em https://sobrasa.org/?p=35751. Acesso em: dia/mês/ano.

“Para solucionar un problema, primero debemos admitirlo y conocerlo”
Szpilman & Palácios

  • RESUMO

    Neste artigo os autores, iniciam explanando sobre o que é pesquisa científica, suas motivações, obstáculos, tempo necessário para execução e suas prioridades. Descrevem como a pesquisa ocorre a luz da medicina baseada em evidências. Resumem o processo de investigação científica, iniciando pela consideração que deve ser dada a experiência pessoal do autor na escolha do tema e da grande questão a ser investigada. Orientam sobre como, onde e porque deve ser realizada a revisão da literatura para o refinamento da pergunta chave da investigação. Abordam cada item na construção do trabalho científico, desde como fazer a introdução até sua conclusão, fornecendo atenção e detalhes sobre como escolher a metodologia mais correta para testar sua hipótese, e como apresentar seus resultados de forma mais significativa e impactante ao leitor. Finalizam orientando ao pesquisador que se inicia nesta grande aventura da investigação cientifica, além de dicas muito práticas, e como e onde publicar seu trabalho.
  • INTRODUÇÃO A PESQUISA

    • A nossa ignorância sobre um fato, causa ou efeito nos leva a pesquisa. A pesquisa é um processo de etapas usado para coletar e analisar sistematicamente dados, informações e fatos para aumentar nossa compreensão de um tópico. Toda pesquisa se inicia com uma pergunta e uma ou mais possíveis hipóteses.
    • COMO A MOTIVAÇÃO PESSOAL INFLUENCIA O SUCESSO DA PESQUISA?
      O resultado de sua pesquisa é um balanço entre “SUA MOTIVAÇÃO verso os OBSTÁCULOS encontrados.” “Se você encontrar um caminho sem obstáculos, ele provavelmente não leva a lugar algum” Frank A. Clark
      Sua motivação é forte o suficiente para vencer os obstáculos?
      • Uma pesquisa cientifica é chamada também de “trabalho científico”, porque simplesmente teremos muito trabalho entre o inicio e a finalização (publicação).
      • Antes de iniciar uma pesquisa, o autor deverá pesar os obstáculos prováveis e avaliar se sua motivação é forte suficiente para vencer os muitos obstáculos que virão à frente.
      • Ter dúvidas é natural, e deve sempre existir como processo de reavaliação, mas NÃO poderá impedir ou paralisar seu andamento.
      • Durante todo processo da decisão de iniciar até a finalização de sua pesquisa, é importante ter bons conselhos e apoio com conhecimento, confiabilidade e baixo conflito de interesse por parte de quem está ajudando neste processo.

      Qual é a sua motivação para iniciar uma pesquisa?
      Uma questão interessante a ser respondida?
      Uma melhor graduação na universidade?
      Um suporte financeiro?
      Um reconhecimento profissional?
      Uma satisfação pessoal?
      Uma comissão de uma empresa?
      Outras?
      Mesmo quando há mais de uma razão, sempre haverá uma primeira mais forte.


      Ambas são mulheres com 80 anos, mas com diferentes motivações

      Os obstáculos são muitos e em todos os lugares

      Científicos
      Falta de uma boa pergunta
      Falta de dados confiáveis
      Falta de boa metodologia
      Falta de resultados interessantes
      Muitas limitações
      Falta de boas referências bibliográficas
      Falta um bom mentor
      Falta de recursos financeiros
      Falta de oportunidade profissional
      Falta de tempo
      Desmotivação durante uma pesquisa
      Desengajamento com outros autores
      Dificuldade em uma publicação
      Outras…
      Pessoais
      Falta de motivação
      Negativismo
      Medo de erro
      Recursos desperdiçados
      Perfeccionismo
      Expectativa muito alta
      Outros…

    • FATORES FUNDAMENTAIS PARA REALIZAR SEU PROJETO: TEMPO E PRIORIDADES
      Compreender o tempo necessário a toda pesquisa para a preparação, execução e publicidade da investigação é fundamental. Um tempo não realístico:
      • Pode frustrar o autor,
      • É uma receita para o fracasso,
      • Afeta sua vida profissional,
      • Afeta sua vida pessoal.

      Tempo versos energia gasta
      • A maioria dos estudos necessita de um tempo de preparação de pelo menos 2 a 6 meses.
      • Cada etapa da pesquisa e publicação necessita de períodos diferenciados, para tal é essencial a realização de um cronograma.
      • Escrever seu primeiro “trabalho e submeter” leva geralmente um mínimo de 3-6 meses.

      Relação entre a preparação da investigação, o período do estudo e a finalização.
      Uma boa preparação para iniciar uma pesquisa reduz o tempo necessário para a execução do estudo e o tempo para a submissão e a possibilidade de desistência ou fracasso.
      • Ter uma boa pergunta de investigação,
      • Menor frustração durante a execução,
      • Melhor colaboração,
      • Menos dados para coletar,
      • Melhor qualidade de dados,
      • Análise mais objetiva.

    • A medicina baseada em evidências (MBE) é um movimento que se baseia na aplicação do método científico a toda a prática médica, especialmente àquelas tradicionalmente estabelecidas que ainda não foram submetidas ao escrutínio sistemático científico. Esta mesma ciência esta sendo aplicada em muitas áreas fora da medicina. Às vezes, o excesso de dados nos faz perder ou desistir da consulta e, em vez de usar as fontes confiáveis, acabamos dando mais atenção a “boatos”, “intuições” ou “receitas de fontes não confiáveis ou não testadas”.

      O que é conhecimento científico e como ele é diferente de outros tipos de conhecimento?
      A Medicina Baseada em Evidências (MBE) tem a ver com decisões clínicas baseadas na melhor pesquisa centrada no paciente, disponível e encontrada na literatura médica sobre testes diagnósticos, técnicas de tratamento, programas preventivos e indicadores prognósticos. O MBE concentra-se em pesquisas relacionadas à prática cotidiana de atendimento ao paciente. Evidências podem provar ou refutar métodos previamente aceitos ou demonstrar que novas formas de intervir são mais apropriadas, efetivas e menos prejudiciais. Devemos estar cientes de que a literatura de pesquisa está em constante mudança. O que a evidência nos aponta como o método de melhores práticas hoje pode mudar no próximo ano.

      Por que a MBE é importante para a prática profissional?
      • O principal motivo é porque serve para melhorar o atendimento ao paciente / usuário. Os profissionais se beneficiam do que outros descreveram na literatura científica.
      • A MBE promove o pensamento crítico entre os profissionais. Isso faz com que tenham a mente aberta para buscar e experimentar novos métodos cientificamente endossados pela literatura e pede, por sua vez, que suas próprias intervenções sejam revistas e sua eficácia comprovada, submetendo-as ao julgamento da comunidade científica.
      • A MBE oferece maneiras de avaliar criticamente a enorme quantidade de literatura científica porque critérios rigorosos são aplicados aos dados para determinar se a informação tem valor e aplicabilidade.
      • Os profissionais que lidam com a segurança aquática precisam da BEM, pois necessitam da credibilidade utilizando métodos científicos com seus usuários ou em suas ações. Nossa profissão, portanto, visa melhorar sua reputação no campo da saúde, incluindo a prevenção e o resgate, além dos primeiros socorros. O conhecimento sobre o qual nossas decisões são baseadas pode e deve ter uma alta qualidade.

      Como quantificar o nível de evidência de um estudo científico usando a MBE?
      Existem diferentes níveis para avaliar as evidências científicas que são determinadas com base no volume e na qualidade dos estudos. Assim, por exemplo, uma prática que é baseada nos resultados de grandes ensaios clínicos randomizados tem um nível 1. Isso significa dizer que, atualmente, é o nível de maior segurança e eficácia na prática, porque seus resultados são os mais confiáveis de serem repetidos. Com a redução de confiança no estudo, por possuir menos quantidade e qualidade nos dados e nas análises, até o menor nível, como exemplo; um estudo experimental com animais.


      Nota: Veja mais a frente no que se constituem cada estudo descrito nesta tabela.
  • IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA/QUESTÃO À PESQUISAR

    • A escolha de um tema ou pergunta para pesquisar esta diretamente relacionada à sua profissão, experiência na área, e seus recursos de tempo e dinheiro, e inclui alguns questionamentos e prerrogativas a serem feitos:
      • Pense em temas/perguntas em sua área de atuação profissional:
      … Que não tenham sido encontradas ou respondidas, ou
      … Que não responderam a sua pergunta adequadamente, ou ainda
      … Que você acredita que pode haver solução melhor a ser pesquisada.
      • Não re-invente a roda, antes de decidir sobre sua pergunta final a ser pesquisada, faça uma revisão na literatura e veja se ela já foi respondida. Busque por revisões sistemáticas ou meta-análise sobre o assunto de interesse, que tem como objetivo identificar o maior número possível de estudos relacionados à questão até a data de publicação.
      • Não há solução (sua pesquisa) sem haver um problema (pergunta), portanto entenda primeiro o problema antes de propor soluções.
      • As vezes uma pergunta foi respondida, mas não de forma adequada, neste caso estabeleça se é viável tentar investigar esta falha ou se o custo pessoal e de recurso é além do seu limite.
      • Não comece com perguntas muito difíceis ou muito elaboradas que estão, neste momento, além de sua capacidade e experiência, pois isto tem grande possibilidade de inviabilizar sua pesquisa de chegar ao final.
      • Use a “Linha do tempo do Afogamento” para compreender e situar onde se concentra a sua experiência, o tema a pesquisar e sua pergunta. Identifique se seu tema e pergunta estão antes, durante ou após o evento, se está relacionado ao gatilho, ações ou intervenções e quais os possíveis atores envolvidos.

      • Em http://idra.world/research-gaps-based-on-drowning-timeline-questions-to-be-answered/, você encontra diversas áreas e perguntas ainda não solucionadas na área de afogamento.
      • Escolhido o tema dentro da linha do tempo de afogamento, você agora terá de elaborar uma ou mais perguntas para sua pesquisa. 
    • DEFININDO UMA OU MAIS QUESTÕES ADEQUADAS PARA INICIAR SUA PESQUISA
      A relação ideal entre uma questão a pesquisar, dados de pesquisa e resultados de pesquisa
      Você pode e deve refinar uma pergunta por tópico, tempo, evento, sexo, idade, localização, etc…
      • Como refinar a sua pergunta de pesquisa
      … Amplo – perfil dos afogamentos
      … Refinando – perfil dos afogamentos na infância
      … Focando – perfil dos afogamentos na infância na praia
      … Pergunta – Perfil dos afogamentos na praia em crianças menores de 5 anos durante os feriados escolares.
      • Para testar se a pergunta está adequada, você deverá ter uma das situações abaixo:
      …1. Um grupo ou um problema: crianças
      …2. Uma Intervenção ou exposição: cuidados dos pais, colete salva-vidas / bóias de braço
      …3. Uma comparação de intervenções: grupo controle / intervenção alternativa.
      …4. Um resultado: o que a pesquisa traz de solução ou mais entendimento.

      Tipos possíveis de perguntas de pesquisa
      • Existência: Existe o X?
      • Descrição e classificação: como é o X?
      • Composição: o que compõe o X?
      • Relacionamento: é X relacionado a Y?
      • Descritivo-comparativo: o grupo X é diferente do grupo Y?
      • Perguntas de causalidade: causa X, conduz ou impede Y?
      • Perguntas comparativas de causalidade: X causa mais mudanças em Y do que em Z?
      • Perguntas de interação comparativa de causalidade: X causa mais mudanças em Y do que Z sob certas condições, mas não em outras?

      Teste se você tem uma forte pergunta de pesquisa?
      • A minha pergunta realmente me interessa?
      • Quais são as questões importantes no meu campo?
      • Quais áreas precisam de mais exploração?
      • Meu estudo responderá a uma pergunta?
      • Minha pergunta já foi respondida na literatura?
      • Minha pergunta é pesquisável? Muito estreito? Muito amplo? Demasiado longo? É viável?
      • Quais informações eu preciso para responder a minha pergunta?
      • O momento é o mais adequado?
      • Quem financiaria isso?

    • REVISÃO CRITERIOSA DA LITERATURA
      A revisão se dará após a definição do tema, e possivelmente de uma possível pergunta, que lhe permitirá selecionar as palavras chaves adequada para esta revisão.

      Porque revisar a literatura?
      A assistência de guarda-vidas é um assunto que tem crescido muito no mundo da ciência, tendo avançado do empirismo a evidência cientifica nos últimos anos. Ainda é um campo muito vasto de pesquisa onde um número incontável de perguntas ainda não foram respondidas. Veja exemplos em http://idra.world/research-gaps-based-on-drowning-timeline-questions-to-be-answered/.

      A revisão da literatura dará ao pesquisador o conhecimento e a visão do que existe ou não nesta área escolhida e mais especificamente dentro da pergunta selecionada. É fundamental, quando se escolhe uma pergunta a ser respondida, que se investigue, assim as chances de um sucesso serão maiores.

      Ao mesmo tempo em que o autor revisa a literatura sobre o assunto, está selecionando artigos relevantes que podem servir de referências bibliográficas em seu trabalho. Trabalhos científicos devem ser fundamentados por referências de publicações de periódicos que tenham uma revisão crítica feita por outros especialistas (“Peer review”). Por isso, sites de buscas como Google e outros não são as melhores alternativas para quem quer boas referências para sua revisão.

      Onde pesquisar para esta revisão?
      Existem diversos sites para pesquisa, procure dar mais atenção aqueles dentro de seu tema, neste caso os sites de busca científica na área de saúde e esporte, mas nem sempre podemos ter acesso a artigos gratuitamente.
      Alguns sites de pesquisa
      LILACS
      Medline
      Google Scholar
      SciELO
      CAPES

      Como pesquisar nos sites de busca
      • Selecione as 5 palavras chaves de seu tema (veja mais a frente).
      • Comece com a palavra chave mais importante/abrangente ao seu tema.
      • Caso tenha muito material selecionado, refine suas buscas usando 2 palavras mais importantes. Ex: “afogamento” AND “piscina” ou selecionando apenas os últimos 10 anos ou excluindo artigos em língua que não tenha o menor domínio (Alemão, Francês, Russo, outras). Mesmo que não entenda muito bem o Espanhol ou o Inglês, estas são línguas que você poderá traduzir o “abstract” facilmente no “Google Translator” e avaliar se o artigo tem muito valor que valha a pena pedir ajuda a alguém que domine a língua.
      …Caso ainda tenha muito material, poderá usar 3 palavras, ou limitar aos últimos 5 anos, mas isso não é comum na área de afogamento.
      • Caso tenha poucos artigos selecionados usando apenas uma palavra chave, significa que existe pouca literatura sobre o assunto e talvez você tenha de ampliar os anos pesquisados ou ser menos preciso em sua escolha de palavra chave.
      • Não há necessidade no primeiro momento, baixar ou comprar artigos na íntegra, mas apenas os RESUMOS (abstracts) serão usados para selecionar o seu material.

      Outras fontes a pesquisar
      • Livros
      …https://www.researchgate.net/profile/David_Szpilman
      • Capítulos de livros
      …https://www.researchgate.net/profile/David_Szpilman
      • “Researchgate” no site http://idra.world/members/
      • Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) (Graduação e Pós Graduação)
      • Teses e dissertações de mestrado
      • Outros

      Como selecionar o que é mais importante?
      • Com os artigos (RESUMOS) em mãos, chegou a hora de ler apenas o resumo e selecionar aqueles de real interesse ao seu tema escolhido.
      • Se após esta primeira seleção ainda sim, restaram muitos artigos, faça nova seleção dos resumos, mas desta vez olhe um pouco no texto do artigo.
      • Feito uma boa seleção inicial, consiga os artigos na integra para ler e comece selecionando com um marcador os pontos de seu interesse ao tema e vá anotando, ou melhor, como são todos digitais, copie o trecho que deseja junto com a referência do artigo, para não se perder e cole num arquivo rascunho de nome texto_referencias_nomedoseutema.doc. Veja como citar referências em https://www.normaseregras.com/normas-abnt/referencias/. Veja também o formato de referência solicitado pelo periódico ou evento onde será publicado.

      O que se sabe ou não sobre o assunto escolhido?
      Com os textos selecionados no item anterior e com uma compreensão muito melhor do assunto escolhido, você pode separar em curtas frases de um lado o que se sabe e do outro lado o que não se sabe, assim terá a chance de refinar ainda mais sua pergunta a ser pesquisada.
      Como ex: Qual a relação entre a alimentação e o afogamento?

      Sabemos
      • Recomenda-se não se alimentar antes do banho, mas o nível de evidência cientifica é baixo.
      • Relaciona-se um menor desempenho de atletas de natação ao se alimentar muito antes de provas.
      • Relaciona-se um menor desempenho de atletas de natação ao estar em jejum prolongado antes de provas.
      • Etc…
      Não sabemos
      • Qual o tempo versos quantidade de alimentação ideal antes de uma natação forçada para não se afogar?
      • Quais os sintomas e riscos de alimentação relacionado a quantidade de esforço para não se afogar?
      • Quais os efeitos fisiológicos relacionado a alimentação próximo a este esforço para não se afogar?
      • Etc…

      Porque pesquisar este tema e possíveis hipóteses iniciais?
      É importante que neste ponto, você pesquisador, possa responder com apenas uma a três liinhas, porque pesquisar este tema com esta pergunta. Isto o levará a estabelecer hipóteses iniciais fundamentais para estabelecer os protocolos a seguir e o direcionamento da pesquisa em campo, seja ela presencial (voluntários, pacientes) ou digital (via internet).
      Exemplo: Saber como o tipo de material de resgate e a fadiga prévia influenciam o resgate poderia levar a novas recomendações sobre os protocolos de ressuscitação. Esta pesquisa pode como hipóteses iniciais:
      • Melhorar as chances de sobrevivência da vítima resgatada.
      • Fornecer ao guarda-vidas um melhor conhecimento sobre o manejo de sua intervenção, que é atualmente desconhecida.
      • Determinar o melhor material de resgate para reduzir a variável tempo.
      • Estabelecer o melhor protocolo em situações que geram fadiga antes da intervenção.

  • PARTES FUNDAMENTAIS DE UMA PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA

    Toda publicação cientifica terá uma estrutura que pode variar conforme o tipo de artigo e o periódico, e a submissão a conferências, mas invariavelmente segue o seguinte formato:
    1. Título do trabalho,
    2. Autores e suas instituições,
    3. Resumo (abstract) – sumário incluindo os itens abaixo variando de 150 a 500 palavras,
    4. Introdução – O Problema e a necessidade de investigar,
    5. Objetivo – a pergunta que queremos responder,
    6. Material e métodos – de que forma e de onde vieram os dados utilizados,
    …i. O desenho da investigação
    …ii. Os participantes (investigadores e investigados)
    …iii. Como se fez a investigação (métodos)
    …iv. As variáveis consideradas (qualitativas e quantitativas)
    …v. Como foram analisados (tipo de métodos empregado)
    7. Resultados – o que você encontrou de positivo ou negativo que reponde a pergunta,
    8. Discussão – Em face do que já existe sobre o problema e sua solução discuta o que há de novo, interessante e contraditório ou limitante em seus resultados e como eles afetam o que está sendo feito e novas intervenções.
    …i. As controvérsias
    …ii. As implicações para a prática
    …iii. As limitações
    9. Conclusão – responda de forma direta o objetivo do estudo e diga como seus achados podem afetar positivamente ou negativamente na sociedade,
    …i. Ponto 1 – Reescreva o tópico por que ele é importante.
    …ii. Ponto 2 – Reescreva ou parafraseie sua tese incluída na introdução.
    …iii. Ponto 3 – Resuma brevemente seus pontos principais.
    …iv. Ponto 4 – Some os pontos.
    …v. Ponto 5 – Chame o leitor para a ação, se for apropriado.
    10. Referências bibliográficas – citação apropriada das referencias incluídas no texto.

    VAMOS VER PONTO POR PONTO

    • TÍTULO DO TRABALHO
      • Embora, o título usualmente seja a última etapa do processo para publicação, estabelecer ele num primeiro momento é fundamental para orientar toda pesquisa por ser a essência do trabalho.
      • Pensar no título antes de começar a escrever orienta todo o texto.
      • O título é uma das partes mais importantes, pois sintetiza o trabalho sendo o mais citado.
      • Na literatura, somente os títulos dos trabalhos são colocados nas referências, com seus autores e o veículo de publicação (revistas).
      • Considere também qual o público que pretende atingir e como será mais bem procurado o seu artigo.
      • O título deve ser simples, conciso, claro, curto e impactante. Um “resumo bem compactado” de seu trabalho científico.
      • O título do trabalho deve estimular os leitores a ler o artigo. Se os agradar, eles lêem o resumo; e, se o resumo os estimular, lerão o trabalho completo.
      • O título deve ser curto, e fiel ao conteúdo do trabalho, não devendo iludir o leitor e deve mostrar a conclusão, o problema ou o assunto, evitando-se sempre que possível termos muito específicos.
      • Usualmente deve ser menor do que 15 palavras. De um modo geral, existe associação inversa entre o tamanho do título e o número de citações na literatura.
      • Pode ser dividido por “mensagem principal/conceito: qualificação”.
      • O título pode ser uma pergunta ou uma afirmação:
      …Existência: “Existe o X?” ou “O X existe”
      …Descrição e classificação: “como é o X? ou “O X é …..”
      …Composição: “o que compõe o X?” ou “O X é comporto de ….”
      …Relacionamento: “é X relacionado a Y?” ou “O X esta relacionado a Y”
      …Descritivo-comparativo: “o grupo X é diferente do grupo Y?” ou “O grupo X é diferente do Y”
      …Causalidade: “causa X, conduz ou impede Y?” ou “Causa X conduz ou impede Y”
      …Comparativas de causalidade: “X causa mais mudanças em Y do que em Z?” ou “As mudanças de X são maiores em Y do que em Z”.
      …Interação comparativa de causalidade: “X causa mais mudanças em Y do que Z sob certas condições, mas não em outras?” ou “As mudanças de X são maiores em Y do que em Z em certas condições”
      • O título pode ser trabalhado com o editor da revista antes da revisão.
      • Use subtítulos se for permitido, isto dará uma melhor formatação ao artigo.

      Use subtítulos ao longo do trabalho (SUB-TITULOGIA)
      • Quando houver extensas sessões, melhora o entendimento do leitor.
      • Inicie a sessão com um breve resumo do que ela comunica.
      • Finalize com outro resumo curto e adicione as implicações.

    • AUTORES, COLABORAÇÃO, INSTITUIÇÕES – COMO ATRIBUIR?
      Um colaborador do projeto será um autor caso participe ativamente de pelo menos 3 das tarefas listadas abaixo. Contribuições menores, que não constituam autoria, podem ser reconhecidas em uma nota como colaborador e merecer um agradecimento. Aquisição de financiamento ou supervisão geral do grupo de pesquisa, por si só, não justifica a autoria.

      Um colaborador de projeto é alguém que contribui para o projeto por:
      • Fornecer idéias de pesquisa, formulando o problema ou a hipótese,
      • Fornecer funções de apoio tais como: desenho do projeto e estruturação do projeto experimental,
      • Recrutar participantes ou animais, bem como coletar ou inserir os dados,
      • Organizar, conduzir, sugerir ou aconselhar nas análises estatísticas,
      • Interpretar os resultados e / ou integrar diversas perspectivas teóricas,
      • Redigir uma parte importante ou revisar criticamente o documento.

      Ordem de autoria
      O primeiro autor é a pessoa que realizou a maior parte do trabalho. O autor sênior é tipicamente a última pessoa em uma lista de autoria, sendo o indivíduo que “geralmente dirige, supervisiona e garante a autenticidade do trabalho relatado” e “assume implicitamente a precisão científica do trabalho, metodologia válida, análise e conclusões”, ou seja, assume a responsabilidade pelo projeto como um todo. A ordem de autoria deve ser aprovada por consenso entre todos os colaboradores do projeto. Usualmente, o último autor é o orientador da pesquisa.

    • RESUMO (Abstract)
      1. Divida o abstract em subtítulos de forma a ficar mais fácil ao leitor,
      2. Use a “Googlelogia”, escolha as mesmas palavras nos títulos, subtítulos e texto que são usadas com mais frequência nas buscas pela web,
      3. Use as palavras chaves importantes, de preferência inseridas no título, 2 ou 3 vezes ao longo do abstract, isso dará maior citação ao artigo. Procure as palavras chaves nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS) http://decs.bvs.br/ que podem definir as palavras chaves em português, inglês e espanhol.
      4. Tenha certeza de usar sempre a mesma terminologia ao longo do titulo, abstract e no texto (ex: cardiopulmonar vs cardio-respiratório vs cardiorrespiratório),
      5. Seja o mais curto, objetivo e direto possível com o texto,
      6. Prefira, quando possível, usar frases positivas e afirmativas ao invés de negativas,
      7. Procure separar princípios, de detalhes/qualificações usando ponto,
      8. Use títulos, subtítulos e nomes para sessões, quando possível e apropriado,
      9. Comece com algo importante, novo e curto de seu achado (se o título já incluiu passe ao item seguinte),
      10. Em seguida fale do que já é conhecido, relacionado e necessário deste assunto. Não se estenda além do necessário,
      11. Métodos/materiais usados,
      12. Principais resultados obtidos. Limite aqueles que substanciem a sua conclusão,
      13. Discussão/Conclusão: Termine com algo importante, novo, que seja a aplicação de seu achado,
      14. Use tabelas e quadros para destacar as informações mais importantes e detalhadas (quando permitido).
    • INTRODUÇÃO
      Com todo conhecimento estudado e revisto na literatura, você agora tem a missão de levar o leitor a caminhar com você em uma introdução que o levará ao objetivo do trabalho como parte inicial da publicação. Você deverá incluir na introdução, essencialmente as evidências cientificas mais marcantes que revisou e que o levaram a fazer a pergunta de pesquisa:
      • Quais os fatos científicos aceitos e revistos por você, incluindo o contexto de sua pergunta que o levarão a pesquisar este tema?
      • Quais os fatos científicos ainda controversos ou não abordados que causam dúvidas ou possam ser melhorados?
      • Estes 2 itens acima devem justificar a pergunta abaixo que é o objetivo da pesquisa.
    • OBJETIVO(S) DA PESQUISA
      Este é o ponto principal e mais sintético de sua pesquisa, e é a própria pergunta feita para pesquisa e deve ser descrito sumariamente.

      Pode haver objetivos secundários onde perguntas derivadas da pergunta inicial ou relacionadas são feitas, mas isso inflige usualmente um maior viés ao trabalho, pois são objetivos e conclusões tiradas em cima de conclusões e podem aumentar muito o viés de erro dos resultados.

      Os objetivos se formulam com o verbo no infinitivo e o verbo utilizado estará predeterminando as possíveis respostas. Como ex:

      Prognosticar Predizer, projetar Já são conhecidas as conexões causais entre as variáveis. Existem modelos
      Modelar Dar forma, desenvolver equações Variáveis mensuráveis. Há indicadores claros que podem ser combinados através de fórmulas
      Desenvolver Desenrolar Quando o tema não foi suficientemente desenrolado
      Avaliar Dar valores numéricos e/ou nominais Critérios para atribuição de diferentes grandezas as dimensões de uma variável
      Medir Atribuir grandezas a uma variável Grandezas numerais ou nominais
      Determinar Estabelecer relação causal Precisão. Critérios claros e explícitos
      Analisar Decompor, dissecar Aprofundar sobre o conhecido. Critérios de seleção e avaliação claros
      Identificar Encontrar, relacionar, associar Explicitar critérios de análise
      Descrever Delinear, desenhar, caracterizar Variáveis para determinação de perfil
      Explorar* Descobrir, indagar * Cuidado, pois toda pesquisa é uma exploração!
    • MATERIAIS e MÉTODOS
      De que forma e de onde vieram e como serão testados os dados de cada variável:
      1. O desenho resumido da investigação pode ser descrito ou apresentado na forma de um diagrama,
      2. Tipo de pesquisa (escolha do delineamento do estudo, definição do modelo de pesquisa mais apropriado),
      3. Os participantes (investigadores e investigados),
      4. A escolha das variáveis (qualitativas e quantitativas),
      5. Coleta de dados (definição das variáveis, métodos e procedimentos utilizados),
      6. Analisando, testando e interpretando os dados (tratamento estatístico pretendido ou utilizado),
      7. Ética em pesquisa (explanar os aspectos éticos em experimentos com seres humanos e animais).
      8. Material suplementar sobre estatísticas (apenas como curiosidade).

      1. O DESENHO RESUMIDO DA INVESTIGAÇÃO
      Representa um planejamento inicial de como será feita a investigação toda. Considerando a pergunta proposta e a hipótese (inclui material e método):
      • Quais os dados necessários para investigar? Estabeleça um protocolo/desenho
      • Quem irá coordenar e colaborar diretamente na pesquisa?
      • Quem irá coletar os dados?
      • Como serão colhidos os dados (formulário, on-line, outro)?
      • De onde ou de quem serão colhidos os dados?
      • Algum equipamento envolvido na coleta de dados?
      • Como serão analisados os dados colhidos?
      • Quem (investigador/estatístico) o de que forma (tipo de análise) serão analisados os dados colhidos?
      • Qual (valor) será a validação/significância aplicada aos dados?
      • Algum software envolvido na analise dos dados?

      2. ESCOLHA DO MÉTODO DE PESQUISA
      A metodologia de pesquisa é o processo usado para coletar informações e dados e assume três formas principais:
      1. Pesquisa exploratória (ajuda a identificar e definir um problema ou pergunta)
      2. Pesquisa construtiva (testa teorias e propõe soluções para um problema ou questão)
      3. Pesquisa empírica (que testa a viabilidade de uma solução usando evidências empíricas)

      Todos os estudos podem ser RETROSPECTIVOS (antes) ou PROSPECTIVOS (para frente).
      Quando se leva em conta o período de tempo durante o qual os dados foram registrados em relação ao tempo no qual o estudo começou.


      Tipos de estudos epidemiológicos

      Exemplos de estudos epidemiológicos

      ESTUDOS OBSERVACIONAIS
      DESCRITIVOS
      • Não fazem associações
      • Um indivíduo (Relato de caso) ou grupo pequeno de indivíduos (Série de Casos)
      • Costumam ser usados para descrever assuntos ainda não bem conhecidos.
      • Importantes para doenças novas ou não corriqueiras, manifestações raras ou associações de doença.
      • Fontes de hipóteses sobre apresentação, risco, prognóstico e tratamento de doenças. Ex: Talidomida (Malformação fetal) ou Viox (Cardiopatia).
      • Principais limitações:
      …Indivíduos observados altamente selecionados;
      …Observações de situações incomuns, evolução atípica, resultados inesperados;
      …Poucas observações;
      …“Viés do pesquisador”;
      …Falta de um grupo controle.

      ANALÍTICOS
      Estudo Transversal
      •“Retrato” da situação. Determinação simultânea do fator de interesse e do desfecho em investigação numa população bem definida em um determinado momento.
      • É utilizado para avaliar se existe relação entre as variáveis.
      • Importante para avaliar a prevalência das doenças.
      Ex.: Análise de prevalência de determinado evento. Estudo de utilização de medicamentos;
      • Vantagens: mais fácil e barato de ser realizado; Gerador de hipóteses de associação.
      • Desvantagens: Não testa hipóteses, pois as variáveis são medidas simultaneamente.

      Caso-Controle
      Parte-se de indivíduos com doença (casos) e sem doença (controles) e busca no passado a presença ou ausência do fator de exposição. Comparam-se os grupos para investigar a associação entre o evento de interesse e alguns preditores.
      • São importantes para analisar doenças raras e situações de surtos ou agravos desconhecidos.
      • Vantagens: rápido; baixo custo, fácil execução, pode analisar vários preditores simultaneamente; estudo inicial para novas hipóteses; ético.
      • Desvantagens: Dificuldade de seleção dos controles; Informações geralmente incompletas; Vieses de informação e de seleção; Fatores de confusão; Impossibilidade de cálculo direto da incidência entre expostos e não expostos e, por decorrência do risco relativo; Não avalia a freqüência dos eventos; Retrospectivo – exposição pode ser difícil de ser avaliada
      Etapas:
      1) Estabelecer população, critérios de inclusão e exclusão
      2) Casos –pacientes doentes
      3) Selecionar controles -pareamento conforme sexo, idade, nível social, etc.
      4) Medir exposições –questionário, registro médico, investigações, etc

      Estudo Coorte
      • Estudo longitudinal (“Filme” da situação).
      • Parte-se de grupos com ou sem fator de exposição e que ainda não desenvolveram o desfecho de interesse.
      • Os grupos são seguidos longitudinalmente e observa-se quem desenvolve ou não o desfecho.
      Enfocam mais diretamente os fatores relacionados ao desenvolvimento do evento.
      • São importantes para avaliar a incidência de doenças.
      • Estabelecem etiologia e fatores de risco.
      • Ex.: Acompanhamento de fumantes para avaliar o desenvolvimento ou não de câncer.
      Etapas:
      1 – Estabelecer a coorte de pessoas livres da doença (Método diagnóstico preciso)
      2 – Determinar os expostos e não expostos (Possibilidade de medir vários níveis de exposição)
      3 – Acompanhar evitando perdas
      4 – Diagnosticar a doença (preferência: investigador cego)

      Coorte Prospectivo
      • Vantagens: Seqüência temporal de risco–doença claramente estabelecida; Ideal para incidência, etiologia e fator de risco; Prospectivo –aumenta precisão; Diversos resultados podem ser medidos.
      • Desvantagens: Caro; Demorado; Não é útil para doenças raras; Problema–inclusão de casos sub-clínicos; Perdas durante o seguimento; Expostos e não expostos podem ser diferentes.

      Coorte Retrospectivo
      • Vantagens: Útil para doenças com longo período de latência; Menos recursos financeiros e tempo.
      • Desvantagens: Controle limitado na obtenção da amostra e medição de variáveis; Dados incompletos.

      Caso-Controle aninhado
      • Nested case – control study
      • Chamados também de estudos híbridos, porque integram características de estudos de coorte e de estudos caso-controle.
      • Há basicamente dois tipos de estudos de caso-controle aninhados:
      1) Caso-controle aninhado a uma coorte propriamente dito
      • Os casos, à medida em que forem aparecendo, são comparados a um ou mais controles selecionados no momento do diagnóstico do caso.
      • Nem todos os indivíduos originalmente selecionados para a coorte são avaliados.
      2) Caso-coorte
      • A seleção de controles é feita através de uma amostragem aleatória da coorte inicial, o que permitiria que alguns casos pudessem fazer parte do grupo dos casos e dos controles simultaneamente.
      • Uma vantagem importante deste tipo de desenho é que permite estimativas de fatores de risco e de taxas de prevalência para as estimativas de risco atribuível.

      Estudo Ecológico
      • São estudos em que a unidade de análise é uma população ou um grupo de pessoas, que geralmente pertence a uma área geográfica definida (cidade, estado, país).
      • Procuram avaliar como os contextos sociais e ambientais podem afetar a saúde de grupos populacionais.
      • Exemplos:
      …Paradoxo Frances: Consumo de gordura saturada – Problemas cardiovasculares (Franceses – Vinho tinto)
      …Consumo de carne vermelha – Câncer de Cólon
      • Vantagens: Rápidos e baratos; Podem avaliar efeitos contextuais; Geram novas hipóteses; Testam rapidamente novas hipóteses.
      • Desvantagens: Não é possível associar exposição e doença no nível individual; Dificuldade de controlar fatores de confusão; As exposições são medidas médias da população e não valores individuais reais.

      ESTUDOS EXPERIMENTAIS OU INTERVENCIONAIS
      Ensaios Clínicos Randomizado
      • Estudos prospectivos utilizados para comparar determinada investigação com outra ou com placebo.
      • Desenho considerado padrão-ouro para testar eficácia de uma intervenção.
      • Podem ser cross-over (todos os pacientes recebem os dois tratamentos, e os pacientes servem como seus próprios controles)
      Vantagens: Randomização tende a balancear fatores prognósticos entre os grupos de estudo; Permite a coleta de informações detalhadas; Doses podem ser pré-determinadas pelo investigador; Cegamento dos participantes pode reduzir distorção na aferição de resultados.
      Desvantagens: Capacidade de generalização externa reduzida devido aos critérios de exclusão; Demorado; Amostras grandes; Custo elevado; Problemas éticos; Os indivíduos podem não aderir às intervenções alocadas.

      Ensaios de Campo ou de Intervenção
      • São semelhantes ao Ensaio Clínico, mas a população estudada não são pacientes e sim pessoas livres de doenças e presumivelmente sob risco.
      • Os dados são coletados na população em geral.
      • São mais caros e de maior duração de tempo.

      Ensaios Comunitários
      • Envolvem a intervenção em nível de comunidades, ao invés de indivíduos.
      • Usados para avaliar a eficácia e efetividade de intervenções que busquem a prevenção primária através da modificação dos fatores de risco numa população.
      • São conduzidos dentro de um contexto socioeconômico de uma população naturalmente formada.
      • Limitações: Dificuldade de isolar uma comunidade.

      Em estudos experimentais ou quase-experimentais, pequenas amostras são manuseadas (não inferiores a n=30) de modo que os princípios de distribuição normal e homogeneidade são atendidos.

      A diferença entre pesquisa descritiva e experimental:
      Descritiva: descreve um fato ou evento (por ex: determinando o nível de inteligência dos estudantes ou o nível de conhecimento da RCP na população. Não há grupo de controle e o que é mostrado é um dado ou uma realidade é descrita).
      Experimental: o pesquisador manipula ou controla uma ou mais variáveis para ver seu efeito em outra variável. Por ex. induzir a fadiga para estudar o efeito da RCP nessas condições. A RCP é a variável dependente e a fadiga é a variável independente. A fadiga é o que o investigador controla e, em seguida, examina seus efeitos sobre a RCP. Na pesquisa experimental, precisamos sempre de um grupo de controle (algo para comparar).

      Tamanho de amostras ideais pode ser calculada AQUI

      3. OS PARTICIPANTES (INVESTIGADORES E INVESTIGADOS)
      Descreva quem esta investigando ou coletando os dados (investigadores), o cegamento (se houver), a randomização, se forem relevantes.

      Descreva o grupo ou os grupos investigados e seu perfil epidemiológico, assim como as relevâncias de diferenças caso seja mais de um grupo ou uma comparação entre 2 ou mais grupos. Os investigados são um subconjunto representativo da população, isto é, a parte do todo que servirá de base para seu estudo. Apresenta, portanto, as mesmas características da população da qual foi extraída. Inclua os critérios de inclusão e exclusão dos indivíduos elegíveis (investigados) ao estudo.

      4. A ESCOLHA DAS VARIÁVEIS (qualitativas e/ou quantitativas)
      Após decidir seu tema, sua pergunta, chega o momento de coletar dados para testar sua hipótese.

      Neste ponto os autores terão de decidir e elaborar as variáveis que serão colhidas e construir um protocolo de coleta de dados. Protocolo este que será testado em uma pequena amostra da população onde será aplicado e alguns testes iniciais poderá ser feitos também com a finalidade de ajuste antes de começar a coleta efetiva.

      Existem dois tipos principais de variáveis de pesquisa que formarão o design da pesquisa dependendo do objetivo principal da pesquisa e as variáveis analisadas: qualitativa ou quantitativa. A maioria das pesquisas envolvem as 2 variáveis.

      Cada característica específica coletada em uma pesquisa é denominada variável e pode ser classificada segundo o tipo de informação que representa em QUALITATIVA ou QUANTITATIVA.
      VARIÁVEL QUALITATIVA ORDINAL – separa os indivíduos em classes de qualidade que obedecem algum ordenamento entre si. EX: Idade (jovem, adultas, velhas), sexo, e outras
      VARIÁVEL QUALITATIVA NOMINAL – separa os indivíduos em grupos segundo uma qualidade, mas não é possível estabelecer um ordenamento entre eles. REGIÕES (norte, nordeste, sul, etc)
      VARIÁVEL QUANTITATIVA DISCRETA – está associada aos dados de contagem, tais como quantidade de alunos aprovados, idade de cada eleitor, total de passageiros em um avião ou baleias que encalham durante uma estação. Esse tipo de variável sempre assume valores inteiros.
      VARIÁVEIS QUANTITATIVAS CONTÍNUAS – Assumem valores reais provenientes de um valor medido, assim como altura, peso, área de uma região ou valor a ser pago em um produto.

      Variáveis qualitativas
      Ex. de variável qualitativa: Faixa etária das pessoas do sexo masculino que mais se afogam.
      A pesquisa qualitativa é freqüentemente usada como um método de pesquisa exploratória como base para hipóteses posteriores de pesquisa quantitativa. Esse tipo de pesquisa tem como objetivo investigar uma questão sem tentar quantificar as variáveis ou procurar relações potenciais entre variáveis. Ele é visto como mais restritivo no teste de hipóteses, porque pode ser caro e demorado e, normalmente, limitado a um único conjunto de assuntos de pesquisa.

      Variáveis quantitativas
      Ex. de variável quantitativa: quantas pessoas do sexo masculino se afogam.
      Pesquisa experimentais, correlacionais ou descritivos. Usadas para estabelecer a existência de relações associativas ou causais entre variáveis. Baseiam-se em amostragem aleatória e instrumentos de coleta de dados estruturados. Esses métodos produzem resultados fáceis de resumir, comparar e generalizar. Se preocupa em testar hipóteses derivadas da teoria e / ou ser capaz de estimar o tamanho de um fenômeno de interesse. Dependendo da questão de pesquisa, os participantes podem ser aleatoriamente designados para diferentes tratamentos (única maneira que um estudo quantitativo pode ser considerado um experimento verdadeiro).

      • Em pesquisas qualitativas ou quantitativas, o (s) pesquisador (es) pode coletar dados primários ou secundários. Dados primários são dados coletados especificamente para a pesquisa, como por meio de entrevistas ou questionários. Os dados secundários são dados que já existem, como os dados do censo, que podem ser reutilizados para a pesquisa.
      • A pesquisa de método misto, ou seja, a pesquisa que inclui elementos qualitativos e quantitativos, usando dados primários e secundários, está se tornando mais comum.

      5. COLETA DE DADOS: POSSIBILIDADES
      A importante tarefa de coletar dados necessita planejamento e etapas:
      • Estabelecer quais as variáveis (dados) e sua descrição serão colhidos:
      …Comece esclarecendo os participantes a natureza da pesquisa de forma a dar segurança a quem participa (de preferência que haverá anonimato dele, ou que se identificado sua identidade não será compartilhada), mas sem influenciar o preenchimento,
      …O mais simples possível de forma que tenha maior aderência de preenchimento, por você e por outros,
      …Prático de ser enviado e documentado,
      …Sem perguntas tendenciosas ou com conflito de interesses diferentes do objetivo do trabalho,
      …Sem perguntas que deixem dúvidas,
      …De preferência com caixas de escolha com apenas um rabisco,
      …Separe as sessões dos dados exatamente como gostaria de apresentar na pesquisa final: data de preenchimento, perfil do individuo (idade, sexo, instituição a que pertence, profissão, cor, etc), dados da pesquisa e finalize perguntando se existem outras sugestões.
      • Formate então um protocolo de coleta desses dados inicial,
      • Aplique este formulário em uma amostra pequena de voluntários, como teste,
      • Faça uma critica desse preenchimento inicial, tente fazer uma pequena análise desses dados e reformule o protocolo,
      • Formate então o protocolo de coleta a ser aplicado,

      6. ANALISANDO, TESTANDO E INTERPRETANDO OS DADOS – ESTATÍSTICA
      Esta é a parte crítica de sua pesquisa onde você descreve os métodos que escolheu para trabalhar seus dados. Usualmente é uma parte sujeita a diversos erros e falsas interpretações, pois em muitos casos permitem diversos caminhos diferentes a seguir.
      RECOMENDAMOS CONSULTAR UM EXPERT NO ASSUNTO, QUE PODERÁ LHE DIZER QUAIS TESTES SERÃO USADOS E COMO USA-LOS. Abordaremos aqui os mais simples e de forma resumida.

      Definições
      • Estatística – É um conjunto de métodos e processos quantitativos que é utilizado para estudar, através de Coleta, Analise Apresentação e Interpretação dos dados de fenômenos coletivos.
      • Variáveis – são observações qualitativas ou quantitativas de um fenômeno.
      • População: corresponde ao conjunto de todos os indivíduos que partilham uma característica de interesse. Ex: quando uma pesquisa eleitoral é realizada, o interesse é estudar a opinião dos eleitores de uma determinada região (município, estado, nação). Assim, a população de estudo é formada somente de eleitores; as pessoas residentes nesse local, mas que não são eleitores (as crianças, por ex.), não fazem parte dessa população.
      • Amostra: Quando não é possível estudar toda uma população, recorre-se a apenas uma parte representativa dessa população. Essa parte é denominada amostra. Existem ocasiões em que é possível estudar toda a população de interesse e nesse caso a amostragem é dispensável.

      Qual teste estatístico devo usar para trabalhar os dados coletados?
      Adaptado de MARCO MELLO – Professor of Ecology at University of São Paulo, Brazil.
      Este material visa ajudar você a escolher o melhor teste para o seu caso. Testes simples atendem a esmagadora maioria dos estudos em Ecologia. O que faz um estudo ser interessante é o problema e a pergunta, não as análises.

      “To consult the statistician after an experiment is finished is often merely to ask him to conduct a post mortem examination. He can perhaps say what the experiment died of.” – Sir Ronald Fisher

      Observe também esta máxima: “Você só aprende de verdade um teste, depois que ele se torna necessário em um estudo que você está fazendo e depois de estudar a lógica matemática por trás dele.” É fundamental também pedir conselhos a estatísticos profissionais. Faça isso de tempos em tempos para os testes mais corriqueiros e sempre que for fazer um teste novo.

      Qual foi a sua pergunta?
      Esse foi o primeiro e mais importante passo em sua pesquisa científica. A motivação para um projeto de pesquisa vem do problema de interesse, que é o quebra-cabeças que você quer ajudar a montar. Não é possível atingir esses objetivos, se você não planejar muito bem aonde quer chegar. Não comece sem direção, apenas para ver no que vai dar. Em 99,73% dos casos, isso leva à desistência no meio do caminho ou a resultados completamente irrelevantes.

      Exemplo de pergunta: Dentre os equipamentos de flutuação no salvamento aquático (rescue-can, rescue-tube ou pranchão), a flutuação do equipamento usado pelo guarda-vidas é o fator de maior importância na sobrevida da vitima?

      O que você espera observar com a pergunta?
      Não basta bolar uma pergunta original e relevante. Com base no que já se sabe, faça um exercício dedutivo e imagine qual deve ser a resposta à pergunta feita. Ou seja, a partir da pergunta de trabalho, crie uma hipótese. Quanto mais simples melhor, pois quanto mais complexa a pergunta, mais respostas alternativas ela pode ter e mais elaborada a pesquisa e mais sujeita a erros. Na verdade, as perguntas mais interessantes levam a uma estrutura de inferência forte, com múltiplas hipóteses concorrentes. Para criar uma hipótese original e interessante, você precisa estudar a fundo a literatura relacionada (REVISÃO), além de ter experiência com as entidades envolvidas no projeto (EXPERIÊNCIA NA ÁREA DA PERGUNTA).

      Tomando como base a pergunta formulada anteriormente, sua possível hipótese seria:
      A maior flutuação do equipamento usado pelo guarda-vidas é o fator mais importante na sobrevida da vítima.

      Poderíamos imaginar que as justificativas para essa hipótese específica (baseado em nossas revisões do assunto) seriam baseadas nas seguintes informações que devem ser verdadeiras para que possamos testá-la:
      • Equipamentos com maior flutuação permitiriam um deslocamento mais rápido por ser mais fácil e de menos esforço ao guarda-vidas.
      • Quanto mais rápido o resgate na ida e volta, maior benefício a vitima de afogamento.
      • Quanto maior beneficio a vitima, maior sobrevida.
      • Conclusão: equipamentos com mais flutuação usados por guarda-vidas são melhores a vitimas de afogamento.
      Note que a conclusão como hipótese não é necessariamente verdadeira, mas serve para testa-la.

      Como exatamente você vai medir se sua hipótese esta correta?
      Depois de criada a hipótese, justificativa e conclusão inicial a próxima etapa se chama previsão e o processo de criá-la é conhecido como operacionalização. Essa é a base do método hipotético-dedutivo, o mais usado na ciência contemporânea. A operacionalização é um passo crucial, pois nenhuma hipótese pode ser testada diretamente. O que é testado de fato são as previsões derivadas da hipótese, estas, sim, concretas e palpáveis (variáveis operacionais). Quando a maioria das previsões derivadas de uma hipótese é confirmada, ela passa a ser aceita como uma tese. Caso contrário, a hipótese é abandonada ou reformulada.

      Contudo, antes de prosseguirmos, note que, para ser eficiente, a maior eficácia no resgate precisa ser legítima. Ou seja, a maior flutuação do equipamento precisa prover um menor esforço concreto ao guarda-vidas para poder resultar em maior sobrevida a vitima. Esta é uma premissa, ou seja, algo que tem que ser verdade, para a sua hipótese fazer sentido. O conjunto de premissas de uma hipótese acaba definindo suas condições de contorno, ou seja, seu domínio de validade.

      Uma possível previsão da hipótese levantada poderia ser: Se, equipamentos com maior flutuação permite um deslocamento mais fácil e, portanto menos esforço ao guarda-vidas, então eu espero observar que, quanto menor o esforço de um guarda-vidas no resgate, maior a velocidade na ida e volta e, portanto maior a eficácia do resgate que resulta em maior sobrevida a vítima. Geralmente, o que se chama de hipótese em Estatística, na verdade, é uma representação matemática de uma previsão biológica. A hipótese biológica você apresenta logo na introdução, já a hipótese estatística (previsão) você explica nos métodos.

      Como as minhas idéias se encaixam umas nas outras?
      Neste ponto, faça um resumo:
      • Problema de interesse (área),
      • Pergunta de trabalho,
      • Hipótese,
      • Premissas, e
      • Previsão.
      Essa é uma técnica excelente para desenvolver o seu brainstorming e transformá-lo em um plano de pesquisa concreto.

      Que tipos de variáveis estão envolvidas na pesquisa?
      Há diferentes classificações na Estatística conforme o tipo de variáveis.
      Na maioria dos casos, primeiro você deve checar se a sua variável é qualitativa ou quantitativa.
      • As variáveis qualitativas não são mensuráveis. Elas se dividem em nominais, quando não há um ranking de valores (e.g., macho ou fêmea, cor dos olhos), e ordinais, quando há uma ordem entre os estados da variável (e.g., doença em estado inicial, intermediário ou terminal).
      • As variáveis quantitativas podem ser medidas e se dividem em discretas e contínuas. As variáveis discretas são resultado de contagens e só têm valores inteiros; e.g., número de filhotes, anos de idade, tamanho populacional. Por sua vez, as variáveis contínuas geralmente resultam de medidas com instrumentos ou índices, e assumem valores na escala real, onde frações fazem sentido; e.g., altura, massa corporal, etc.
      Outra forma de classificar as variáveis:
      • Paramétricas (variáveis contínuas), e
      • Não-paramétricas (variáveis nominais, ordinais e discretas).

      No nosso caso hipotético, temos então as seguintes variáveis:
      • Equipamentos de flutuação: rescue-can, rescue-tube ou pranchão (variável qualitativa nominal)
      • Tempo de resgate em minutos (Variável quantitativas contínua)
      • Sobrevida da vitima: sim ou não (variável qualitativa nominal)

      Qual é a relação entre as variáveis?
      Agora você precisa pensar sobre qual variável é a causa (independente ou fator) e qual é o efeito (dependente ou resposta). Em nosso exemplo, podemos imaginar que os equipamentos são as variáveis independentes (X1, X2 e X3) e que o tempo de resgate é a variável dependente (Y).
      A maioria dos testes estatísticos supõe implicitamente uma relação de causa e efeito. Mesmo os testes em que a variável independente é qualitativa (nominal ou ordinal), como o teste t e a ANOVA. Aqui neste exemplo, há apenas uma variável dependente, o tempo de resgate. Quando a sua hipótese e a sua previsão envolvem mais de uma variável dependente, você está no terreno perigoso das análises multivariadas, um tema mais complexo que não vamos abordar.

      Qual o teste é mais adequado a sua pesquisa?
      Agora que você já tem uma pergunta, uma hipótese e uma previsão, sabe que tipo de variáveis tem em mãos e sabe como elas se relacionam entre si, então pode escolher com segurança o melhor teste estatístico para a sua previsão ou perguntar/consultar um especialista em estatística. Neste caso, dentre todos os testes adequados, o mais simples e bem sintonizado, seria uma regressão linear simples, tomando os diferentes equipamentos como X1, X2, X3 e o tempo de resgate como Y. Através de um teste de regressão, saberíamos não apenas se a relação entre essas variáveis existe de fato ou não (significância ou P), como também se ela é positiva (maior flutuação, mais eficaz) ou negativa (maior flutuação, menos eficácia), e quão forte ela é (r²).

      As assim chamadas “hipóteses estatísticas” seriam:
      • hipótese nula – não há relação entre X e Y;
      • hipótese alternativa 1 – há relação positiva entre X e Y;
      • hipótese alternativa 2 – há uma relação negativa entre X e Y.

      Abaixo um fluxograma que mostra a variedade de escolha de testes que podem ser utilizados


      Claro que pesquisas sobre dados mais objetivos como exemplo um perfil epidemiológico de uma população onde estudamos casos de afogamentos, poderá utilizar testes mais simples tais como: freqüência, incidência, média, mediana e outros mais simples.

      Resumo dos passos necessários para fazer um teste estatístico
      • Defina um problema de interesse. Esse é o quebra-cabeças que você quer ajudar a montar;
      • Elabore um projeto, contendo problema, pergunta, hipóteses, premissas e previsões;
      • Identifique a natureza das variáveis envolvidas em cada previsão: elas são qualitativas ou quantitativas? Nominais ou ordinais? Discretas ou contínuas?
      • Pense sobre a relação entre as variáveis: há causalidade ou não?;
      • Defina a sua previsão matemática (hipótese estatística) de forma mais precisa e escolha o teste mais adequado para testar essa previsão; Consulte um estatístico.
      • Planeje quantas amostras serão necessárias para ter um bom poder estatístico;
      • Colete os dados no campo, laboratório, biblioteca ou computador;
      • Plote gráficos para examinar visualmente a relação entre as variáveis e entender sobre seus resultados. Sempre plote um ou mais gráficos, antes de rodar qualquer teste, pois estatísticas descritivas podem ser enganosas!
      • Cheque todos os pressupostos do teste escolhido (e.g., normalidade dos erros, homocedasticidade etc.);
      • Se necessário, aplique alguma transformação aos dados, troque para um teste não-paramétrico ou use um GLM, dependendo da escola que preferir;
      • Defina o nível de significância do teste e rode-o;
      • Ao conferir os resultados, preste atenção principalmente ao tamanho do efeito e ao poder estatístico, além dos graus de liberdade e tamanho amostral;
      • Elabore uma interpretação biológica baseada principalmente no tamanho do efeito.

      Pressupostos dos testes
      No fundo, o pressuposto mais importante de qualquer teste estatístico é a qualidade da coleta dos dados: as observações têm que ter sido feitas dentro do maior rigor possível, bem afinadas com a orientação dada pela previsão biológica, com a precisão necessária a cada caso, e de forma que as unidades amostrais sejam independentes entre si.

      Sinta o “jeitão” dos dados
      Não confie cegamente nos resultados numéricos dos testes! Dados diferentes às vezes geram as mesmas estatísticas descritivas. Além disso, pode ter havido algum erro de cálculo por culpa sua ou do pacote estatístico. Muitas vezes, há diferenças de cálculo para um mesmo teste entre pacotes e programas estatísticos. Portanto, cuidado.

      Conselhos finais
      • Não dê ênfase demais às análises estatísticas no seu projeto ou artigo. Fale sobre os fenômenos biológicos estudados, usando os números como apoio;
      • Não confunda hipótese biológica com hipótese estatística. Lembre-se de que os seus dados só farão sentido, se você elaborar uma hipótese interessante para lhes dar contexto, independente do resultado do teste estatístico;
      • Escolha as análises estatísticas antes de iniciar o projeto e não depois de ter coletado os dados. A estatística faz parte do planejamento e envolve questões fundamentais, como o modelo a ser usado e o número de amostras que serão necessárias para testar as previsões feitas.

      Mensagem final
      “Uma análise sofisticada e popular não substitui uma pergunta original baseada em teoria e amparada por um bom delineamento amostral.”

      Perguntas a serem feitas após o cruzamento estatístico
      Existe associação estatística valida?
      A associação pode ser por acaso?
      A associação pode ser por viés?
      A associação pode ser por confundimento?
      Esta associação estatística valida tem causa e efeito?
      Existe uma forte associação?
      Existe credibilidade biológica para a hipótese?
      Existe consistência com outros estudos?
      A seqüência de tempo é compatível?
      Existe relação entre a dose e a resposta?

      7. ÉTICA EM PESQUISA
      A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP- é uma comissão do Conselho Nacional de Saúde – CNS, criada através da Resolução 196/96 e com constituição designada pela Resolução 246/97, com a função de programar as normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, aprovadas pelo Conselho. Tem função consultiva, deliberativa, normativa e educativa, atuando conjuntamente com uma rede de Comitês de Ética em Pesquisa – CEP- organizados nas instituições onde as pesquisas se realizam.

      A CONEP e os CEP têm composição multidisciplinar com participação de pesquisadores, estudiosos de bioética, juristas, profissionais de saúde, das ciências sociais, humanas e exatas e representantes de usuários.

      O CEP institucional deverá revisar todos os protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, cabendo-lhe a responsabilidade primária pelas decisões sobre a ética da pesquisa a ser desenvolvida na instituição, de modo a garantir e resguardar a integridade e os direitos dos voluntários participantes nas referidas pesquisas. Terá também papel consultivo e educativo, fomentando a reflexão em torno da ética na ciência, bem como a atribuição de receber denúncias e requerer a sua apuração.

      A CONEP deverá examinar os aspectos éticos de pesquisas envolvendo seres humanos em áreas temáticas especiais, encaminhadas pelos CEP das instituições, e está trabalhando principalmente na elaboração de normas específicas para essas áreas, dentre elas, genética humana, reprodução humana, novos dispositivos para a saúde, pesquisas em populações indígenas, pesquisas conduzidas do exterior e aquelas que envolvam aspectos de biossegurança. Está organizando um sistema de acompanhamento das pesquisas realizadas no país.

      Todos os projetos de pesquisa deverão ser encaminhados para a Plataforma Brasil (http://plataformabrasil.saude.gov.br/login.jsf) a fim de obter o número de registro (CAAE) com aprovação para realização do estudo.

      8. MATERIAL SUPLEMENTAR SOBRE ESTATÍSTICAS (apenas como curiosidade) CLIQUE PARA VER

    • RESULTADOS – O QUE APRESENTAR?
      • Obedeça a uma seqüência lógica usando texto, figuras e tabelas.
      …Descreva a população da qual a amostra foi retirada (se esta não foi descrita ou analisada em material)
      …Descreva a amostra que foi analisada (perfil, tais como sexo, local, cor e características importantes para sua hipótese)
      …Ela deve ser organizada de tal forma que se destaque as evidencias necessárias para responder cada questão de pesquisa ou …hipótese que você investigou. Deve ser escrita de forma concisa e objetiva.
      …Sem interpretação (deixa a interpretação para a discussão),
      …Mantenha o método científico
      …Quanto mais simples melhor (mais acessível)
      …Exclua informações não relevantes
      …Contribua com conhecimento, não opiniões
      • Os resultados podem ser provenientes de dois tipos de pesquisa:
      Na pesquisa quantitativa o autor apresenta por meio de gráficos e tabelas, os resultados de estatística descritiva ou inferencial de suas análises. Como exemplo, utilizamos um estudo que analisou o número de desempregados em uma determinada cidade. “As faixas etárias da população que se encontra desempregada nos últimos 8 meses foram: de 18 a 28 anos (18%, média: 12, desvio padrão: 10), 28 a 38 anos(43%, média: 3, desvio padrão: 12), 38 a 48 anos (33%, média: 4, desvio padrão: 7) e 48 a 58 anos (8%, média: 9, desvio padrão: 2) para mais detalhes veja a tabela X.”
      ……apresentação dos resultados de estatística descritiva pode usar números, tabelas e/ou gráficos;
      ……apresentação dos resultados de estatística inferencial pode usar números, tabelas e/ou gráficos);
      ……Explicação sobre os seus resultados, indicando (sem números) como eles podem ser interpretados com relação às perguntas de pesquisa e/ou hipóteses.
      Exemplo: estudo quantitativo-qualitativo sobre violência urbana e capital social em uma cidade do sul do Brasil, ilustra bem esses passos, ao mostrar seus dados quantitativos: As prevalências de violência referida nos últimos 6 meses foram: discussão violenta (17,1%; IC95%: 15 a 19,4), roubo ou assalto (42,8%; IC95%: 39,9 a 45,7), caso com drogas (32,4%; IC95%: 29,7 a 35,2) e homicídio (8,4%; IC95%: 6,9 a 10,2) (tabela 1). A tabela 2 mostra a relação entre capital social e violência urbana referida. Maiores prevalências de todos os indicadores de violência foram encontradas nos locais com baixa confiança e menor controle social informal na vizinhança. Os locais cujos residentes relataram baixa confiança entre vizinhos possuíam cerca de 3 vezes maior prevalência de discussão violenta quando comparados aos setores com alta confiança. As pessoas que relataram baixo controle social informal possuíam uma prevalência duas vezes maior para homicídios e para discussão violenta quando comparadas com aquelas que relataram alto controle (tabela 2). Do mesmo modo, aqueles que relataram baixo apoio social mencionaram uma ocorrência duas vezes maior de discussões violentas entre vizinhos (RP = 2,14; IC95%: 1,10 a 4,74; P < 0,001) (tabela 2).
      Na pesquisa qualitativa o autor vai mostrar gráficos, números e porcentagens:
      ……Temas ou tópicos recorrentes encontrados na análise dos dados;
      ……Números e/ou porcentagens identificando o quão representativos são esses temas ou tópicos (exemplo: quantos participantes falaram sobre determinado assunto);
      ……Exemplos ilustrando cada um dos temas (exemplo: incluir uma citação direta de algum participante sobre determinado tema encontrado);
      ……Representações gráficas dos resultados (exemplos: tabelas, mapas conceituais, etc.), em alguns casos;
      ……Indicações sobre como os dados podem ser interpretados.
      Exemplo: Entre as 11 pessoas selecionadas, cinco pertenciam ao local com maior capital social e seis ao local com menor capital social (tabela X). Os resultados qualitativos foram agrupados por semelhança e também divergências de informações. Por exemplo, a confiança e o controle social informal ambos estabeleceram relações de proximidade; por isso, os dois construtos puderam ser analisados tanto separadamente quanto em conjunto. Os participantes demonstraram haver uma aproximação entre cuidar do bem material privado, como a casa, por exemplo, com o sentido de controle social informal. Esse controle, por sua vez, foi entendido também como atitude de confiança. Ágatha, 22, disse que “aqui um sai o outro toma conta. Aqui sim, aqui está bom de morar. Quando a gente sai a gente pode ter confiança que vai cuidar”. Já Bernardo, 70, falou dessa situação como uma atitude superficial, onde “às vezes um sai o outro dá uma reparada”, e ressaltou a falta de resultado: “o senhor vê os muros ali, tudo riscado. Ali do meu vizinho pintou esses dias, riscaram tudo”. Embora o controle social tenha sido identificado nos dois setores, existem descontinuidades entre as idéias de ‘cuidar’ e de ‘dar uma reparada’.
      • Quando você estabelece uma hipótese ou questão de pesquisa, os dados do estudo são observados, coletados e analisados de forma que responda as questões. Caso você esteja utilizando uma abordagem mais simples, essa analise é feita visualizando figuras e tabelas, fazendo cálculos de média, desvio padrão, etc. Utilizando uma analise mais rebuscada, você pode interpretar uma variedade de testes estatísticos com diferentes técnicas.
      • Escreva os resultados para mostrar o maior número possível de informações para o leitor em relação aqueles aspectos analisados e aos seus possíveis relacionamentos. Guardando a limitação que a revista ou o abstract tenha.
      • Organize os resultados com base na seqüência de figuras e tabelas. Olhe para a tabela e figura e identifique três palavras-chave, isso vai ajudar quando você começar a escrever sobre aquela tabela ou figura.
      • Você deve conduzir o leitor de forma que fique claro os achados do seu estudo. Esses achados vão depender do tipo de questão de pesquisa. Eles podem incluir tendências, diferenças, similaridades, correlações, mínimos, máximos, etc.
      • Resultados de testes estatísticos são sempre escritos entre parênteses seguidos por seus achados. Você deve incluir entre os parênteses o teste estatístico utilizado e o nível de significância. Ex.: o número de vendas no período natalino foi 56% maior na cidade X quando comparado com as vendas na cidade Y (t-test, t=5.78, 33d.f., p<0.001).
      • Caso você não ache o resultado que esperava, isso pode ser algum erro na definição da hipótese ou precisa ser reformulada ou talvez tenha tropeçado em algo inesperado que precisa ser melhor investigado. Em qualquer um desses casos, os resultados são importantes mesmo que eles não dêem suporte a sua hipótese. Não ache que resultados diferentes do que você esperava são resultados ruins. Se você fez o estudo com qualidade, mesmo resultados ruins podem gerar importantes descobertas na área. Desta forma, escreva seus resultados honestamente!!!
    • DISCUSSÃO
      • Essa seção irá mostrar ao leitor como o estudo se desenvolveu a partir dos questionamentos deixados na introdução.
      • Interpretar os resultados com relação aos achados encontrados no estudo e explicar nosso novo entendimento sobre o assunto com base nos resultados apresentados de outros estudos e estabelecer links, comparações e associações entre os resultados de “seu” estudo com de “outros” estudos.
      • Estabelecer uma ligação entre o que você falou na introdução, com as questões de pesquisa e hipóteses, e os artigos que você citou.
      • Use a voz ativa sempre que possível. Cuidado com frases prolixas seja conciso e escreva claramente.

      Inclua nessa seção, respondendo as perguntas:
      • Seus resultados fornecem respostas ao seu teste de hipótese? Se sim, como você pode interpretar esses achados (respostas)?
      • O que você achou no estudo está de acordo com o que os outros têm mostrado? Se não, eles sugerem uma explicação alternativa ou uma falha na execução do estudo?
      • Dadas as suas conclusões, qual é a sua nova opinião sobre o problema investigado e descrito na introdução?
      • Você identificou limitações e erros no estudo? Isso é muito comum e deve ser mencionado antes da critica por revisores.
      • Quais os próximos passos da investigação? O que você planeja para o futuro?

      Dicas para escrita da Discussão
      • Organize a discussão de acordo com os estudos sobre os quais você apresentou os resultados. Escreva seguindo e mesma ordem apresentada na seção de resultados mostrando sua interpretação sobre os resultados encontrados. Não perca tempo escrevendo novamente os resultados já mostrados na seção anterior.
      • Se possível, você deve fazer comparações dos seus resultados com resultados de outros autores ou estudos que você já tenha feito. Isso pode ser útil para que você encontre informações importantes em outros estudos que agregam valor a sua interpretação ou até mudar a forma de sua interpretação. Considere também como esses outros resultados podem ser combinados com os seus.
      • Não mostre novos resultados na seção de discussão. Embora você utilize novas tabelas e figuras para resumir os resultados, elas não devem conter novos resultados (dados).

    • CONCLUSÃO
      O objetivo da conclusão de um trabalho de pesquisa é resumir seu argumento para o leitor e chamá-lo para a ação se necessário, respondendo de forma direta ao objetivo do estudo.

      ESTRUTURA BÁSICA – O QUE INCLUIR?
      Ponto 1 – Reescreva o tópico por que ele é importante.
      • Não gaste muito tempo ou espaço nessa tarefa.
      • Geralmente, apenas uma única frase é necessária.
      • Por exemplo, se estivesse produzindo um trabalho sobre a epidemiologia de uma doença infecciosa, poderia dizer algo como: “A tuberculose é uma doença infecciosa comum que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro, todos os anos”.

      Ponto 2 – Reescreva ou parafraseie sua tese incluída na introdução.
      • Ela não deve ser idêntica ou muito similar à sentença usada originalmente.
      • Reformule sua tese de uma forma que complemente o resumo do tópico que fez na primeira frase da conclusão.
      • Por exemplo: “A tuberculose é uma doença comum que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro, todos os anos. Por causa da taxa alarmante de propagação dela, particularmente em países pobres, os profissionais médicos estão implementando estratégias para seu diagnóstico, tratamento e contenção”.

      Ponto 3 – Resuma brevemente seus pontos principais.
      • Essencialmente, você precisa lembrar seu leitor do que disse a ele no corpo do trabalho reescrevendo sumariamente a frase principal de cada parágrafo central ou de cada seção no corpo do texto.
      • Não repita nenhum dos detalhes utilizados no corpo do trabalho.
      • Na maior parte das vezes, você deve evitar escrever informações novas na conclusão.
      • Por exemplo: “Em países em desenvolvimento, como os africanos e os do sudeste asiático, a taxa de infecções da doença está crescendo. A superlotação, os problemas sanitários e a falta de acesso aos cuidados médicos são todos fatores que contribuem para a propagação. Os especialistas médicos, como os da Organização Mundial da Saúde, estão agora começando campanhas para visitar comunidades em países em desenvolvimento e realizar testes diagnósticos e tratamentos. No entanto, os tratamentos para a tuberculose são bastante pesados e têm muitos efeitos colaterais. Isso leva à desistência por parte dos pacientes e à difusão de diversas cepas da doença que são resistentes a várias medicações.”

      Ponto 4 – Some os pontos.
      • Se seu trabalho prosseguir de forma indutiva e você ainda não tiver explicado completamente o significado dos seus pontos, precisará fazer isso em sua conclusão.
      • Note que não é necessário fazê-lo em todos os trabalhos de pesquisa.

      Ponto 5 – Chame o leitor para a ação, se for apropriado.
      • Se oportuno, declare que é preciso pesquisar mais sobre o tópico.
      • Por exemplo: “Apesar dos novos esforços para diagnosticar e conter a doença, é necessário elaborar mais pesquisa para que se possa desenvolver antibióticos capazes de tratar as cepas mais resistentes de tuberculose e amenizar os efeitos colaterais dos tratamentos atuais”.

      O QUE EVITAR?
      • Evite usar “em suma” ou outras expressões semelhantes. Isso inclui “Resumindo” ou “Para concluir”.
      • Não espere até a conclusão para declarar sua tese. Embora possa parecer tentador guardar a tese para criar um final dramático, fazê-lo deixará o trabalho menos coeso e mais desorganizado. Sempre declare o argumento principal ou a tese na introdução.
      • Deixe de fora as informações novas. Uma idéia, sub-tópico ou evidência nova é importante demais para guardar até a conclusão. Todas as informações relevantes devem ser introduzidas no corpo do trabalho.
      • Evite mudar o tom do trabalho. O tom do trabalho de pesquisa deverá ser consistente por todo o texto. A mudança de tom mais freqüente é quando um trabalho de pesquisa acadêmico termina com uma conclusão sentimental ou emocional.
      • Evite transparecer no texto sua empolgação com o tema.
      • Não peça desculpas. Não faça declarações que diminuam sua autoridade ou suas descobertas. Por ex: “Posso não ser um especialista” ou “Essa é apenas minha opinião”. Frases assim podem ser evitadas usando a terceira pessoa.
      • Evite declarações na primeira pessoa, pois ela é informal demais e não combina com o tom formal de um trabalho de pesquisa.
      • Não se limite a repetir as coisas que já disse; reescreva a tese e os pontos que a sustentam de uma forma que os ligue. Dessa forma, você fará com que seu trabalho de pesquisa pareça um “pensamento completo”, em vez de uma coleção de idéias aleatórias e relacionadas de maneira vaga.

      SEJA TÃO EFICAZ QUANTO POSSÍVEL
      • Junte tudo num círculo. A conclusão mais elementar é o fechamento estilo resumo.
      • Amarre seu trabalho de pesquisa ligando diretamente sua introdução com a conclusão. Há diversos modos de fazer isso:
      …Faça uma pergunta na introdução, reescreva-a na conclusão e dê uma resposta direta a ela.
      …Escreva uma anedota ou história na introdução, mas não o final dela. Deixe para colocá-lo na conclusão do trabalho.
      …Use os mesmos conceitos e imagens empregados na introdução para fazer a conclusão. As imagens podem ou não aparecer em outros pontos do trabalho.
      • Feche com a lógica. Se seu trabalho tiver apresentado diversos lados de uma questão, use a conclusão para declarar uma opinião lógica formada pela evidência.
      …Caso sua pesquisa não tenha gerado uma resposta definitiva para a questão colocada na tese, não tenha medo de indicar esse fato.
      …Reescreva a hipótese inicial e diga se ainda acredita nela ou se a pesquisa feita começou a mudar sua opinião.
      …Indique que mais pesquisa pode iluminar melhor o tópico apresentado.
      • Faça uma pergunta. Em vez de dar ao leitor a conclusão, peça a ele para formar a sua própria. Esse tipo de conclusão pode não ser apropriado para todos os trabalhos de pesquisa.
      …Um bom exemplo de um trabalho que pode perguntar algo ao leitor no final é uma pesquisa que trate de uma questão social, como pobreza ou políticas governamentais.
      …Faça uma pergunta que vá diretamente ao ponto do trabalho. Essa é geralmente a mesma ou uma versão da pergunta que iniciou a pesquisa e precisa ser respondida pela evidência apresentada no trabalho. Caso desejar, pode resumir brevemente a resposta depois de perguntar ou deixar a pergunta no ar para o leitor responder.
      • Faça uma sugestão. Se for incluir um chamado para a ação na conclusão, pode dar ao leitor uma recomendação de como continuar a pesquisa.

    • REFERÊNCIAS
      • Todas as citações realizadas no texto deverão ser referenciadas no trabalho com um número ou com os autores e ano de publicação usando [ ] ou sobrescrito dentro do texto e a referencia completa ao final. Usualmente isso é feito em ordem de aparecimento no texto, mas existem normas diferentes (veja ao final).
      • Apenas seus resultados, a discussão e a conclusão relacionados à sua investigação não serão referenciadas.
      • Nos resumos dentro do trabalho, basta inserir o número do artigo que será referenciado no corpo do texto.
      • Trabalhos submetidos a eventos científicos, tipo resumo (abstract) devem preferentemente ter referencias nas suas citações que tem relação direta com as suas conclusões. No entanto por vezes a limitação de espaço não permite ou limita o uso de referencias pois extrapola o número de palavras permitido. Quando assim for, você poderá usar apenas um número de forma a inferir que isto esta referenciado em algum local.
      • Veja como citar referências em https://www.normaseregras.com/normas-abnt/referencias/
  • PORQUE, O QUE, ONDE, TIPO, E COMO PUBLICAR?

    PORQUE, O QUE, ONDE, TIPO, E COMO PUBLICAR?
    Porque publicar
    A razão principal de publicar é disseminar a informação e que ela possa ser usada para progredir.
    Então pergunte se,
    a. Este trabalho e interessante e novo?
    b. Ele é um tópico considerado relevante?
    c. Ele fornece solução inédita, ou melhor, para algum problema?

    O que publicar
    • Resultados e métodos novos e originais
    • Revisão ou resumos de um assunto específico
    • Artigos que contribuam com o avanço do conhecimento e compreensão de certos campos científicos.

    Onde (selecionando o periódico certo)
    • Pesquise suas referencias: isso vai dar uma pista de onde outros publicaram seus trabalhos.
    • Reveja publicações em cada periódico seleci0onado na lista anterior. Procure pelos tópicos aceitos.
    • Para se decidir, busque por:
    …Qual a audiência deste periódico?
    ……Quem são os leitores?
    ……Eles estariam interessados em seu assunto?
    ……Seu assunto interessa localmente ou internacional?
    ……Qual o tempo estimado de publicação?
    ……Qual o fator de impacto (FI) do periódico? O FI do periódico será maior quanto mais citado em referências “peer review” ele for, prevendo, portanto maior citação de seu artigo e conseqüentemente maior visibilidade de seus resultados.
    …Quanto mais citado for o seu artigo maior será o Fator H do autor (citações + número de publicações).
    …O periódico escolhido cobra alguma taxa para publicação?
    • Nunca submeta a mais de um periódico de uma vez.
    • Consulte o guia dos autores para verificar se é a escolha certa. Na dúvida escreva ao editor perguntando.

    Tipo de publicação
    • Artigos completos / Original: São os mais importantes e contem usualmente material relevante e original.
    • Cartas ao Editor/ comunicações curtas ou rápidas: São publicações de mais rápida publicação por serem menores (geralmente menos de 800 palavras e outras limitações).
    • Revisão / perspectivas: Resume as principais informações cientificas de um assunto. Usualmente apenas por convite da revista.
    • Trabalhos de conferências: direcionado a disseminar rapidamente e de forma antecipada uma pesquisa em andamento. Não são todos os periódicos que aceitam este tipo de publicação.
    • Outros tipos

    Se a principal razão de publicar é comunicar – a 1ª regra de comunicação é “QUAL O SEU PÚBLICO?”
    • A mensagem deve ser clara e curta e pode ser na forma de AFIRMAÇÃO ou QUESTÃO
    • Não inclua a qualificação de detalhes

    Como publicar
    • Com tudo pronto de acordo com as regras do periódico: Texto completo com referencias, abstract, carta ao editor, e demais exigências da revista que escolheu para submeter seu artigo.
    • “Peer review” é a revisão crítica feita por outro especialista
    • Caminho do artigo ao ser enviado


    • Existem 4 tipos de revisão de artigos
    …Revisão cega de um lado (Single-blind peer review) – autor não sabe quem são os revisores
    …Revisão duplo-cega (Double-blind peer review) – autores e revisores não se identificam.
    …Revisão aberta (open peer review) – autores e revisores sabem quem são
    …Revisão aberta feita após a publicação (Post-publication review) – leitores podem criticar on-line após publicação

    Como os editores/revisores avaliam seu artigo para aprovar?
    • Seu artigo está dentro do foco do periódico/conferência?
    • Tem qualidade suficiente?
    …É inédito e contem importante conteúdo?
    …A pesquisa, a análise e a conclusão são validas?
    …Ele apresenta uma idéia clara e direta das afirmações e resultados?
    …As tabelas e figuras estão corretas?
    …O método estatístico está correto e funciona?
    …Referencias bibliográfica apropriada e corretamente citada?
    • Existem áreas de possível melhora, incluindo gramática?
    • Código de ética adequado
    • Observações sobre o processo
    …É raro que o revisor esteja completamente certo e o autor completamente errado, e vice-versa.
    …Compreenda que o editor e revisores querem ajudar a melhorar seu artigo, aceite os comentários como aprendizado.
    …Sempre demonstre ao editor que você (autor) está fazendo tudo que pode para melhorar o artigo.
    …Um artigo rejeitado não significa automaticamente que seu artigo não é bom.

    As críticas mais comuns de revisores
    • Não está em conformidade com a política de ética da revista
    • Falha no design (falta de controle adequado; não isolaram a intervenção)
    • Falha ao avançar suficientemente o campo
    • Estatísticas inadequadas
    • Puramente descritivo, não fornece uma visão mecanicista
    • Mal escrito
    • Fora do escopo da revista
    • Gramaticamente muito incorreto

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Dr David Szpilman

Dr David Szpilman - Sócio Fundador, Ex-Presidente, Ex-Diretor Médico e atual Secretário-Geral da SOBRASA; Ten Cel Médico RR do CBMERJ; Médico do Município do Rio de Janeiro; Membro do Conselho Médico e Prevenção da International Lifesaving Federation - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ. www.szpilman.com