Texto com um breve relato da ocorrência:
O Falcão 03 (helicóptero da Polícia Militar do estado do Paraná) foi acionado, pelo comando do Corpo de Bombeiros, na manhã do dia 25/02/2017, para atendimento de afogamento, ainda em curso, no município de Matinhos, balneário Inajá.
Decolamos da base Guaratuba e nos deslocamos ao local da ocorrência.
Diversos guarda-vidas estavam na água e com auxílio de moto-aquática, em buscas do paciente, que estava submerso.
Iniciamos buscas aéreas, delimitamos a área de atuação, em conjunto com o Corpo de Bombeiros e após 30 minutos de vôo sobre a referida área, avistamos um “vulto” na água.
O tripulante operacional foi lançado na água e, sob orientação da tripulação que ainda estava na aeronave, mergulhou, localizando a vítima, que já estava a mais de 40 minutos submersa.
Após a localização, realizamos pouso na areia.
O jovem foi retirado pela equipe do Corpo de Bombeiros, com auxílio da moto-aquática. Chegou na areia, onde já esperávamos com o materiais e equipe médica preparada.
Iniciamos protocolo para atendimento de afogamento grau 6 (com parada cardiorrespiratória).
Realizadas ventilações de resgate, simultaneamente à compressões torácicas, sem retorno da respiração espontânea.
Procedemos à intubação orotraqueal, acesso venoso periférico e mantivemos manobras de reanimação cardiopulmonar, segundo protocolos da AHA (American Heart Association).
Constatamos que o ritmo de parada era assistolia e após alguns ciclos, este foi revertido para AESP (Atividade Elétrica Sem Pulso). Mantivemos os procedimento e o caso evoluiu para FV (Fibrilação Ventricular), administramos 3 desfibrilações, porém somente após aproximadamente uma hora de manobras, houve RCE (Retorno da Circulação Espontânea).
Embarcamos o paciente na aeronave e durante o transporte para o hospital de referência, houve nova parada cardiorrespiratória.
Reiniciamos os procedimento anteriores, com compressões cardíacas e administração de medicamentos, seguindo protocolos.
A vítima foi entregue para o SAMU e transferida à UTI do hospital de referência em afogamento, onde está em tratamento intensivo, já há mais de 48 horas.
Consideramos importante este tipo de experiência, pois verificamos a veracidade das informações contidas no site da SOBRASA, sobre a necessidade de as equipe de atendimento pré-hospitalar se dedicarem com afinco aos casos de afogamento e NUNCA declararem óbito, antes de uma hora de submersão.
Lembramos também a importância de um sistema organizado e de recursos adequados para obtermos a melhor resposta e que o treinamento das equipes deve ser constante.
João Cláudio Campos Pereira
Médico do BPMOA (Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas).