Sol, o perigo da exposição prolongada

Os perigos da exposição prolongada ao sol
David Szpilman

A natureza do trabalho do guarda-vidas requer muito tempo de exposição ao ar livre e conseqüentemente ao sol. Dos 3 diferentes tipos de radiação solar que atingem a Terra, Infravermelho, luz visível e Ultravioleta(U- ), o último é o mais nocivo ao ser humano.
São 3 tipos de ultravioleta (UVA, UVB e UVC) que se diferem pelo comprimento de onda.
A camada de ozônio bloqueia a passagem dos raios UVC e permite que o UVA chegue 100 vezes mais a Terra do que o UVB. A exposição aos raios UVA e UVB são diferentes. O UVB é o tipo de luz tradicional que provoca queimadura no sol, é mais forte no verão e perto do equador, em altas altitudes, e no horário de 10:00 ás 14:00h. O UVA é mais constante no ambiente, sua intensidade não é dependente de horário do dia ou época do ano. O UVA atinge quantidades consideráveis em dias nublados, durante o inverno, através de janelas ou ao dirigir um carro. Ambos são refletidos em maior intensidade dobrando a quantidade de raios perto ou dentro da água e na areia.
O UVB atravessa somente as camadas mais superficiais da pele(epiderme) podendo provocar queimaduras e câncer de pele.
O UVA porém, penetra mais profundamente(derme) e além de provocar as mesmas lesões do UVB provoca o envelhecimento precoce da pele. Como a lesão pelos raios U- é acumulativo e parece ocorrer em grande parte antes dos 18 anos de idade, a proteção deve começar bem cedo.
A extensa exposição aos raios UVA e UVB podem provocar, envelhecimento prematuro, lesão de pele, câncer de pele e lesão ocular. Este risco é maior em pessoas de pele fina e clara, naqueles que sofreram grandes exposições ao sol na infância, de olhos claros, e com história familiar ou pessoal de câncer.
PELE
O câncer de pele é o tipo mais comum entre os cânceres e pode provocar a morte. Os três principais tipos são: Carcinoma de células escamosas(espinocelular), carcinoma basocelular, e o mais agressivo tipo, o melanoma. A prevalência do câncer de pele aumenta com a exposição solar e com o bronzeamento.
O câncer de pele pode ser curado em 95% dos casos quando detectado precocemente. Portanto, guarda-vidas e pessoas que tenham grande exposição ao sol devem ser examinados ao menos uma vez ao ano.
Leões de pele de aparecimento recente ou que sofreram modificações, escamosas , elevadas, escurecidas devem ser avaliadas por médico. A lesão que sofre aumento, coça, muda de cor, ou sangra deve sofrer nova avaliação médica.
OLHOS
Os raios ultravioletas presentes na luz solar podem lesar os olhos. A lesão pelo sol pode provocar catarata, degeneração macular, lesão de córnea e pterígio. A proteção dos olhos pode ser feita por óculos de boa qualidade junto com o uso de chapéu e sombra. O óculo deve oferecer proteção de 99 a 100% a luz UVA e B e 75 a 95% a luz comum. Eles reduzem a luz com lentes de coloração marrom, cinza, verde ou amarela. As lentes polarizadas ajudam a reduzir o brilho e a fatiga, mas não devem obstruir a visão periférica tão importante ao guarda-vidas.

 

RECOMENDAÇÕES
Os guarda-vidas que tiveram câncer de pele, podem em algumas circunstancias não estarem mais habilitados a trabalhar em atividades externas. Isto pode ter um grande impacto econômico individual e dentro da organização a que ele pertence. O melhor tratamento é a prevenção.
1. A profissão de guarda-vidas coloca-o em uma posição de alto risco de desenvolver câncer de pele devido a grande exposição ao sol. A comissão médica da ILS desenvolveu recomendações para estes casos, embora cada serviço de salvamento aquático deva estabelecer suas próprias recomendações.
a. Programa de educação a população e aos guarda-vidas relacionado aos perigos da exposição ao sol.
b. Evitar a exposição solar especialmente durante os períodos de maior intensidade reduzindo a lesão de pele, o risco de câncer e de lesão ocular.
c. A proteção do sol pode ser conseguida utilizando-se:
– Abrigos tipo guarda-sol nas torres de observação,
– Roupas com Fator de Proteção Solar(FPS) 50,
– Chapéu com aba larga,
– Creme de proteção solar resistente à água. Os cremes de proteção solar devem ter um FPS mínimo de 30, devem ser aplicados de 15 a 30 minutos antes da exposição solar e utilizados até em dias nublados, já que os raios U- atravessam as nuvens podendo causar queimaduras de pele. O creme deve ser passado principalmente nos lábios, orelhas, nariz, ombros e cabeça, locais onde a pele é mais sensível e sujeita a exposição direta. Deve ser reaplicado a cada 2 a 3h ou mais freqüentemente no caso de banho ou suor.
– Óculos escuros com proteção de 100% contra U- e proteção lateral que permita a visão periférica
@ FTP 30, significa proteção 30 vezes maior comparado a não utilização.
d. Revisão médica anual de pele e ocular de todos com exposição prolongada a luz solar
2. Todos os serviços de salvamento aquático devem estimular seus guarda-vidas a procurar ajuda médica em caso de qualquer lesão de pele suspeita e orientar nas modificações de hábitos profissionais se necessário.
3. Todos os serviços de salvamento e guarda-vidas devem promover as medidas de prevenção do câncer de pele e da lesão ocular junto ao público.

Bibliografia:
1. The United States Lifesaving Association manual of Open Water Lifesaving
2. Proceedings of the International Medical Rescue Conference September l997, San Diego, CA
3. Surf Lifesaving Australia Policy Statements
4. Public Health Hazards to lifeguards from Sun Exposure Special Report from the U.S. Centers for Disease Control

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Martin Leray