A devolução da jovem fêmea de tubarão-lixa, com cerca de 4 a 5
anos e 1 metro de comprimento, realizada hoje, terça-feira, dia 03/10, pelo
IBAMA-RJ e pelo Projeto Tubarões no Brasil
(Instituto Ecológico
Aqualung) foi muito bem-sucedida e teve ampla cobertura da
mídia.
A ação de devolução do tubarão começou às 6 horas da manhã, quando os
técnicos do IBAMA-RJ e os biólogos do Projeto Tubarões
no Brasil foram ao restaurante de Ipanema e
retiraram o animal do aquário. Acondicionado em uma caixa de transporte com
aereador (cedida pela loja Cia do Aquário), o tubarão foi
levado para a Marina da Glória onde embarcou na traineira Velho Marinheiro (da
Diver's Quest) rumo à ilha Rasa, distante 17 km
da praia de Ipanema.
Quando a embarcação chegou ao local de soltura (que será
mantido em segredo para a segurança do animal), o tubarão recebeu uma marcação
do Ibama, fixada em sua nadadeira dorsal. A marcação
visual possibilitará ao Projeto Tubarões no Brasil
realizar o monitoramento posterior do animal. O objetivo é fazer o
acompanhamento periódico visual e também poder identificá-lo caso haja a
recaptura por algum pescador.
Após a soltura no mar, que ocorreu à 9h45min, o
tubarão-lixa deu algumas voltas em baixa profundidade e depois foi para o fundo,
onde deitou-se na areia para descansar e analisar o novo ambiente. Foi
acompanhado em todo o seu percurso pela equipe de mergulhadores do
Centro de Estudos do Mar Onda Azul, que fez o registro de foto
e vídeosub.
O tubarão-lixa ou Lambaru (Gimglymostoma
cirratum) é uma espécie com alto risco de
desaparecimento na natureza e está na lista de espécies ameaçadas de
extinção do IBAMA (Ministério do Meio Ambiente). Por essa razão, a devolução de
uma única fêmea ao seu ambiente natural é muito importante e
promove forte incentivo à reprodução da espécie. Ela só deverá atingir
sua maturidade sexual com cerca de 10 ou 11 anos de idade, quando então terá
mais de dois metros de comprimento. Poderá viver até os 30 anos de idade,
chegando a medir 4 metros e pesar 400 kg, e, nesse meio tempo, poderá produzir
ninhadas com 20 a 30 filhotes, uma vez a cada dois anos.
Infelizmente, como demonstrou o Estudo sobre a Pesca de
Tubarões no Estado do Rio de Janeiro, realizado e publicado pelo Projeto
Tubarões no Brasil no 2º semestre de 2005, o tubarão-lixa ou lambaru
(Gimglymostoma cirratum) ainda é capturado por 10% dos pescadores,
sendo a 17ª espécie mais pescada no Rio de Janeiro. Para tentar reverter essa situação, o Projeto Tubarões no
Brasil, com o apoio do IBAMA-RJ, realizará uma palestra educativa
para a Colônia de Pescadores Z13 do Rio de Janeiro a fim de
conscientizá-los sobre o problema atual dos tubarões e incentivar uma mudança de
atitude dos pescadores (devolver ao mar quando houver a captura acidental
do tubarão-lixa vivo). Deverão ser convidados a participar também os
pescadores esportivos e submarinos e os mergulhadores. O agendamento da palestra
já está sendo providenciado.
Vale esclarecer ainda que o tubarão-lixa
é uma espécie calma e inofensiva que habita o litoral do Brasil,
incluindo o Rio de Janeiro, e não representa, absolutamente, nenhuma ameaça
aos banhistas.
Projeto Tubarões no
Brasil
Aproveite
para se associar ao Protuba. Não fique parado! Ajude-nos nessa
luta!
*Marcelo Szpilman,
Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente
(MBE) pela COPPE/UFRJ, é autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado em
1991, de sua versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE TO FISHES, editado em
1992, do livro SERES MARINHOS, editado em 1998/99, do livro PEIXES MARINHOS DO
BRASIL, editado em 2000/01, do livro TUBARÕES NO BRASIL, editado em 2004, e de
várias matérias e artigos sobre a natureza, ecologia, evolução e fauna marinha
publicados nos últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do
Instituto. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto Ecológico
Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado Instituto, diretor do
Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e membro da Comissão Científica Nacional
(COCIEN) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos
(CBPDS).
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